Tomando um cafezinho na frente da casa onde morei - Galway (Irlanda). |
Como eu não tinha passaporte europeu e precisava
viajar legalmente (Gente, pelo amor do Senhor! Façam tudo legalmente. Respeitem as leis!), decidi fazer intercâmbio. Me achei meio ridícula sendo
intercambista aos 34 anos de idade, mas esse sentimento já passou. Viver fora
abre os seus horizontes e te faz repensar sobre os seus antigos preconceitos,
que nada mais são do que
pura ignorância.
Hoje sei que nunca é tarde para começar um projeto. Óbvio que me senti estranha
convivendo com pessoas nos seus 20 e poucos anos de idade, mas me diverti muito
pois tive a oportunidade de viver a minha fase adolescente, a qual não vivi no momento adequado.
Me envolvi
em fofocas, picuinhas infantis, bebi até cair. Me apaixonei todos os dias e
vivia ainda a visão romantizada da amizade mútua. Eu sabia que estava sendo
imatura mas, por incrível que pareça, não me senti culpada em nenhum momento. Minto, na
realidade me senti culpada por não me sentir culpada. Muito doido isso.
Me lembro do
primeiro dia em que senti a liberdade em sua totalidade e isso me fez perder o
chão, mas esse é um assunto para um
próximo café neste meu sofá arranhado.
Decidi então fazer intercâmbio pois nunca tinha vivido em um outro
país, além de não falar
uma segunda língua. Eu estava petrificada de medo.
Ok, o tipo
de visto estava decidido. Próximo passo, escolher o destino.
Eu tinha 3 opções: Irlanda, Nova Zelândia e Austrália. Quebrei muito a cabeça
para tomar a decisão acertada. Pesquisei bastante sobre
o clima do lugar, sobre o tipo de lugar (praia, montanha, cidade) e o mais importante: a maior concentração de gente jovem. Escolhi praia,
gente jovem e o clima não importava no momento.
Eu estava
morrendo de medo de ir para um lugar com maior concentração de pessoas acima dos 50 anos de
idade. A gente sempre ouve falar que a Europa é um continente com mais pessoas
idosas do que jovens, e eu não estava nem um pouco disposta a ir para um lugar muito quieto e pacato. Eu queria era intensidade na experiência.
Sempre
optei pelas ilhas, tanto que morei na irlanda, Inisheer (a menor ilha da Irlanda)
e agora moro em Malta. Claro que agora sei por que tenho essa fixação por ilhas, mas isso é uma informação muito pessoal que não será compartilhada no momento 😉.
Por ter
essa fixação por
ilhas, fiquei entre Nova Zelândia e
Irlanda. Optei pela Irlanda pois eu precisava ficar perto da Itália para
realizar um dos meus maiores sonhos de liberdade: o passaporte europeu.
Já estava
decidido, na totalidade do meu ser, que eu iria para não mais voltar. Como eu tinha o
direito a cidadania italiana, eu tinha que estar por perto. Se não fosse por isso, eu teria escolhido
a Nova Zelândia,
pois é a ponte para a Ásia.
Vamos combinar, quem não quer
conhecer a Ásia, não é?
Muito bem,
o lugar e o visto estavam decididos.
Chegou o
dia de partir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário