Seguidores

terça-feira, 28 de novembro de 2017

A Liberdade que me Tirou o Chão

O cafézinho está sem açúcar hoje, mas forte como sempre. 

Resolvi passar meu aniversário na Irlanda. Estava decidido, eu iria na primeira semana de abril rumo a minha primeira experiência "abroad". Que presentão, não é?

Cheguei uma semana antes do início das aulas de inglês. Estava eu morando na casa de uma senhora irlandesa longe do Centro da cidade. 
No meu terceiro dia resolvi me ambientar.  Após dormir bastante por causa da viagem que foi casativa, fui conhecer a escola de inglês que ficava no centro da cidade. Cheguei na recepção com minha empolgação de adolescente e meu inglês meia boca, e iniciei uma conversar com a recepcionista.  Para minha surpresa ela era italiana e falava português fluente.  Respirei aliviada e comecei a fazer perguntas sobre a escola. Quando vi, pedi para frequentar uma roda de conversas que acontecia toda quinta-feira após as aulas. A proposta era tomar chá com biscoitos e discutir um tema proposto pelo professor que estaria presente. Foi fantástico pois tive a oportunidade de testar o meu inglês e conhecer pessoas. 

Nessa mesma recepção conheci duas brasileiras que já me convidaram de cara para almoçar na casa de uma delas.
Foi então que percebi que as coisas estavam acontecendo naturalmente. Era só deixar rolar.

Conheci mais brasileiros e, naquele momento, não estava naquela paranóia delirante de só falar inglês. Eu tinha acabado de chegar e queria companhia, claro.

Minha semana de aula havia comecado e minha vida social também. Conheci espanhóis, italianos, japoneses, chineses, austríacos, alemães...de tudo um pouco.

Comecei a sair a noite também. Estava doida para conhecer os famosos pubs irlandeses que não me decepcionaram. Sao incríveis! A atmosfera é inebriante. Me senti adentrando um universo paralelo. Experimentei a famosa Guiness, of course, e amei. Amei também pelo preco pois é a cerveja mais barata servida nos pubs. Nao sei se ainda é assim, mas em 2015 custava 4 euros.

Conheci muita gente na noite pois no início eu saía sozinha. Descobri com o passar do tempo que a escola organizava um evento toda a quinta-feira a noite nos pubs e era chamado de “Pub Night”, onde os estudantes e professores podiam se conhecer melhor. Cada quinta era em um pub diferente.

Voltando para meu aniversário. Pensei que passaria sozinha, mas tive a companhia de duas brasileiras, aquelas que conheci na recepção da escola. Foi demais! Era uma terca-feira a noite e resolvemos ir no The King’s Head. Tem uma foto desse pub no post anterior.

Soprando a vela da minha Guinness no pub The King's Head


Agora vamos ao que interessa. A primeira vez que experimentei a sensação de liberdade total.
Era um dasqueles “Pub Night” da escola. Aquela quinta-feira prometia pois o evento aconteceria em um dos pubs mais badalados de Galway: The Quays. Com música ao vivo e tudo.

Foi lá que tive uma das noites mais incríveis da minha vida, e confesso que a Irlanda me proporcionou muitas noites assim. Foi demais! Conheci gente até da Austrália, o que nao é muito comum lá (pelo menos comigo). Fiquei até fechar, e quando fechou, as colegas brasileiras me levaram para o pub The Front Door, o único que ficava aberto até mais tarde.

Em Galway aos pubs fecham cedo, lá pela meia noite ou uma da manhã, mas o The Front Door é guerreiro, é aquele after que você reza pra ter em uma cidade pequena para não ter que terminar a noite tão cedo. Cedo...há! Eu tinha aula no dia seguinte e não estava nem um pouco preocupada.

Resumindo, cheguei no hostel onde estava morando às 10 da manhã do dia seguinte. 

Durante aquela semana eu estava sozinha no quarto do hostel pois o movimento estava lento. Quando cheguei já tendo a certeza de que eu faltaria pela primeira vez na aula, pensei: tenho que avisar que cheguei no Hostel. Mas para quem? Minha família estava do outro lado do mundo e a escola nao dava a mínima se eu estava lá ou nao. Um adendo importante: você nao pode faltar muito quando tem visto de estudante na Irlanda, viu? É perigoso porque a escola pode avisar a imigração que pode te deportar.

Voltando...estava eu em pé no meio do quarto quando caiu a ficha: eu não devia satisfação para absolutamente ninguém. Eu podia ir dormir sossegada. Nesse momento me caiu o chão. Experimentei uma total liberdade que vem junto com a sensação de que o chão te falta. Eu estava voando. A felicidade invadiu o recinto e fui dormir.  

Minha amiga espanhola e eu no Hostel onde morávamos.


   



Nenhum comentário:

Postar um comentário